Quando escrevi “Justa Causa”, recebi como crítica tê-lo chamado de livro de contos, quando na verdade seriam tão somente histórias. Talvez sim, talvez não. Sou da opinião de Mario de Andrade sobre a alma do conto, da mesma forma que não aceito padrões de qualquer tipo. Há que se considerar algumas regras para isso e para aquilo, mas fugir de normas e padrões, na verdade, é o meu padrão, como o é de tantos artistas.
Todo esse lero-lero é pra falar sobre o livro “Dicas da Imensidão”, da Margareth Atwood, que comprei como livro de contos e que, se for levar em conta o tal padrão literário do conto, trata-se apenas de um livro de histórias, dez histórias muito bem contadas.
Dez histórias de mulheres e suas fragilidades na infância, dramas de adolescência, relacionamentos, sexo, as diversas sensações diante do espelho, a velhice. E nada nessas narrativas têm lugar comum, como pode parecer, pela temática que apresenta. Atwood fala com muita sutileza sobre os ardis impostos à vida da mulher, às suas rotinas e atividades profissionais, ao que tem que se agarrar sangrando pra sobreviver. Tudo isso ambientado em lugares pra lá de maravilhosos nos campos e em torno dos lagos do Canadá.
Gostei muito da Atwood contista que acabei de conhecer. “Dicas da Imensidão” é questionador e é suave, a leitura convida a muitas reflexões e ao mesmo tempo é um passeio. Recomendo muito.
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