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23 de julho de 2012

O custo é emocional


Colocar um novo livro na rua não é tarefa fácil. Mesmo quando se trata de uma seleção de textos já publicados. Aliás, essa é a primeira das dificuldades. Selecionar a dedo o que entra e o que fica de fora. Gosto de todas as minhas crônicas; cada uma tem um significado especial, claro. 
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Em seguida, a organização. Qual a primeira, qual fecha a edição, que critério usar para criar uma ordem, quantas crônicas serão. A vontade é de manter todas, mas essa segunda peneira ainda elimina umas dez e, mais uma vez, a dúvida. Isso muito tempo. Deixei-as descansar bastante, voltei a remexê-las e com um novo olhar cheguei a uma definição.
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Com todas devidamente escolhidas, contadas, em ordem e com a primeira revisão feita, veio outra tarefa árdua. Qual será a eleita para dar nome ao livro? E mais uma vez, li cada crônica atentamente para encontrar a merecedora da capa. E essa fase contou com mais uma revisão. Dias se passaram e, enfim, selecionei três para as quais fiquei olhando, olhando e olhando, até me decidir: “Depois da chuva, o recomeço”. Não me pergunte o porquê.
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Com tudo isso pronto, já conversava sobre capa, foto da capa, foto de orelha, textos de apresentação, contracapa, enfim, tarefas paralelas que deveriam ser concluídas juntas, para que o livro fosse lançado no prazo estabelecido na minha cabeça quando resolvi organizar a seleção. Porém, lançar um livro, mesmo que independente, também é um processo sujeito à Lei de Murphy e tudo que tem de dar errado dá errado. 
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Se comparado a outras obras que levam anos para serem acabadas, o que digo aqui é uma falácia. No entanto, falo de ansiedade, da própria autora ter de se encarregar de todo o trabalho, se quiser que o livro saia. Falo de solidão. É muito corajoso editar uma obra independente e sem nenhuma despesa, mas o outro lado é exaustivo, um custo emocional, exceto pelo prazer quase orgástico ao clicar no botão concluir, com o livro postado no site. Como qualquer resultado que se espera, a sensação final é de alívio, felicidade, satisfação pela missão cumprida. Agora, as expectativas se tornam outras, afinal, não se vive sem elas.


Crônica publicada originalmente na minha coluna no jornal Volta Cultural - julho/2012
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Um comentário:

Luciano Neto disse...

Adorei a capa. Fala mais do que mil palavras!