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13 de junho de 2012

Ca-la-da!


Obrigue uma pessoa faladeira a manter-se em silêncio por alguns minutos e ela ficará, no mínimo, mal humorada. Obrigue-a, então, a não falar, a não ser quando e se estritamente necessário. Ela poderá ter uma forte crise de ansiedade ou mesmo entrar em estado depressivo, se não tiver consciência plena de que precisa, mesmo, ficar de boca calada.

Pois é. Há cerca de quinze dias a pessoa tosse, e tosse, e tosse. Quando já não aguentava mais tossir e nenhum xarope dava jeito, descobriu que sofre pela enésima vez de uma crise aguda de sinusite, com direito a rosto inchado e dores de cabeça frontais sem fim. Resultado: dois dias na cama, pois a cabeça não suporta nenhuma outra posição que não seja devidamente apoiada no travesseiro.

Da consulta médica saiu com uma prescrição de seis medicamentos, mais orientação de repouso, evitar vento frio ou bebida gelada (que a sinusite adora). Por conta própria, faz uso do lenço com álcool na garganta à noite para ajudar a dormir. Na verdade, não ajuda muito. Mas me iludir já é alguma coisa, afinal, tudo que funcionar, até ilusão, é lucro.

É a invernite. 
Já tem a rinite. Com o ar frio, vem a sinusite, que faz um gotejamento pós-nasal e acaba provocando faringite, que detona a tosse. Uma tosse que parece saída lá dos profundos. Não pode falar, não pode rir, não pode fazer 'ahhhhh', não pode virar o pescoço de repente. Todos os movimentos têm de ser pensados e lentos. Do contrário, entra num acesso que só tem parada quando quase vomita. Sério.

Nada demais se a pessoa não adorasse inverno. Nada demais se a pessoa não sentisse um calor absurdo, mesmo às temperaturas baixas que tivemos por esses dias. E do jeito que está, não curte em nada os dias frios porque seu estado de ânimo é nenhum, porque não pode se deleitar aos ventos gelados e, ao mesmo tempo, transpira sem parar, independente dos poucos graus a sua volta, o que a prejudica ainda mais, pois não se agasalha suficientemente.

Se pelo menos parasse de tossir...

E como não para, é obrigada a ficar bem quietinha, se possível se comunicando por gestos, expressões e, claro, por escrito. Isso, sim, ainda pode fazer à vontade, desde que movimente apenas o cérebro e as mãos. A situação é tão crítica, que a pessoa, descrente de qualquer coisa que fuja a sua lógica, já aceita dicas, receitas milagrosas e até simpatias, dessas que garantem resolução imediata sem recidiva, para sempre. Se conseguir dormir em paz, já está grata. Cof-cof.
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Um comentário:

Luciano Neto disse...

Incrível como vc consegue tirar humor (e ironia ) de onde não tem...rs