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7 de maio de 2012

Aquele aperto diário


Vinte minutos na rodoviária sentada diante da plataforma de embarque da viação Resendense. A mesma que durante muito tempo me levou à cidade de Resende, onde trabalhava como repórter na TV Rio Sul. Em poucos minutos passaram-se anos pela minha memória.

Numa semana, pegava o ônibus das seis para estar na TV às oito. Na outra semana, ia no horário de meio-dia, para chegar lá à uma hora. Quando estava na escala da manhã, viajava dormindo. Entrava no ônibus, sentava, recostava a cabeça e, antes mesmo de sair da rodoviária já estava sonhando (bons tempos aqueles em que dormia tão facilmente). Acordava em Resende.

Quando trabalhava na escala da tarde precisava almoçar às 11 horas e isso era péssimo. Jamais consegui sentir fome cedo, independente da hora de acordar. Resultado: almoçava sem apetite, comia pouco, enjoava na viagem, quando chegava à TV já estava com vontade de comer alguma coisa e acabava consumindo qualquer bobagem pela rua, quando dava tempo (o trabalho era quem me consumia).

E as viagens, minha nossa, quanta história pra contar. Sempre pegava o ônibus vazio na rodoviária e viajava tranquilamente sentada na poltrona de sempre. Na volta, sufoco. Forço a mente pra lembrar de um dia que tenha vindo sentadinha, até Volta Redonda. Mas, não. Esperávamos o ônibus num ponto já distante do terminal de Resende e quando ele chegava, oh, céus! Só esvaziava no distrito de Floriano, no meio do caminho, e tínhamos de disputar na correria os lugares que vagavam.

Havia os carros mais novos, os quais nos tiravam suspiros quando o avistávamos. Eram mais confortáveis, claro, e mesmo cheios na volta, asseguravam uma viagem mais sossegada. Bem diferente daquele velhinho redondinho, que mais parecia um bonde. Aquilo sacudia igual liquidificador e ainda exalava um cheiro de óleo e o barulho infernal do motor.

E quando retornávamos à noite, além da superlotação e dos carros velhos, um agravante: os passageiros abusados. Nós, mulheres, tínhamos de desenvolver mecanismos de defesa pra lá de criativos, isso quando não precisávamos lançar mão de meios mais agressivos mesmo. Alfinetes não faltavam na minha bolsa e foram utilizados com muita frequência, não só para fechar roupas, mas principalmente quando ocupava o assento do corredor e algum esperto se aproveitava para dar aquela encostadinha. Pura maldade, confesso, mas me diverti bastante dando passa-fora bem dado naqueles sonsos.

Ao observar os ônibus parados na rodoviária penso que pouca coisa mudou. Há os carros mais novos e há os velhotes. O cheiro de óleo permanece.

Permanecem também na lembrança as companhias diárias. Gente que viajou comigo pra lá e pra cá durante aqueles anos. Pessoas como o Gilberto, a Mônica, o Rildo, que compartilhava o fone de ouvido. O convívio com este pessoal era a parte boa da história, afinal, sempre era possível arrancar boas risadas de um e de outro naquele aperto diário. Não sei se eram bons aqueles tempos, mas alguns desses momentos deixaram saudades, com certeza.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Giovana Graça e Paz.
Muito bacana seu blog, eu diria muito edificante.
Aproveito a oportunidade para compartilhar também o nosso. Mensagem Edificante para Alma. Motícias, Reflexões, músicas, Eventos e tudo que move o mundo Gospel.
Ficarei feliz por vossa visita e mais ainda se nos seguir-nos.
Deus continue lhe abençoando.
Josiel Dias
Mensagem Edificante para Alma
http://josiel-dias.blogspot.com.br
Rio de Janeiro