O primeiro contato que
tive com a paisagem mais linda do Rio foi na infância, numa das primeiras vezes
em que visitei minha irmã, após se casar e ir morar entre os cariocas. Foi um
impacto e ao mesmo tempo um deslumbramento, nunca mais esquecidos. Circulei-a
apenas de carro, mas foi o suficiente para elegê-la a minha paisagem predileta,
entre as tantas da cidade. Engraçado é que passei muitas vezes por ali, sempre
olhando aquele espelho d'água pela da janela; demorou muito tempo para que
a visse bem de pertinho.
Ainda na infância,
numa excursão da escola, fomos até o Corcovado, de onde, diziam, “a vista da
Lagoa Rodrigo de Freitas é de tirar o fôlego”. Mas minhas expectativas foram morro abaixo, pois o dia estava nublado e a névoa não nos permitiu
vislumbrar nada além de poucos metros abaixo de nossos pés. Já adulta, na
companhia de um grupo de amigos, retornei ao Cristo Redentor e, aí sim, num dia
claro, pude perder meu fôlego com todo prazer.
A Lagoa é ainda mais
linda vista do alto. Parece tão pequena, porém ainda mais charmosa, apesar de
tantos edifícios em volta, bloqueando o que seria a paisagem natural. Ao meu
lado ninguém entendeu o motivo do meu êxtase, aliás, nem eu mesma. Até hoje não
encontrei resposta lógica para tamanha admiração. Apenas me derreto toda diante
dela.
Meu grande momento foi
quando pude, pela primeira vez, caminhar ao longo do seu entorno. Uma hora e
quinze minutos andando, sem saber se prestava a atenção na caminhada, se parava
para ver tudo nos mínimos detalhes, se conversav a
com minha irmã, ou se gritava “Eu estou aquiiii!”. Parece estranho que morando
tão perto do Rio nunca tivesse feito isso antes, mas juro, na minha infância não
era tão comum esse tipo de passeio e, mais tarde, juntar os tempos para
combinar tal programa também tornou-se uma operação complicada.
Voltei lá ainda uma
vez, para que meu filho conhecesse a árvore de Natal e isso já vai fazer dois
anos. Preciso de coragem para retornar à Lagoa, lembrar com gosto da companhia
da minha irmã, sem dor, se possível sem saudade. Apenas grata por ela ter me
apresentado o Rio de Janeiro na sua forma mais linda.
Crônica publicada originalmente na minha coluna no jornal Volta Cultural - nov/2011
Crônica publicada originalmente na minha coluna no jornal Volta Cultural - nov/2011
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