Dizem os especialistas que só acontece na adolescência, mas
comigo o último episódio ocorreu com mais de 30 anos, já tinha filho e morava
sozinha com ele. Dormi, como sempre tive um pouco de insônia, depois apaguei.
Acordei de manhã bem cedo, com o despertar do relógio às 6 horas, sentindo
dores em alguns pontos das costas e dos braços. Saí da cama e levei um susto.
Espalhadas no meu lençol, embaixo de mim, estavam todas as minhas bijuterias
(aff, não são poucas!). Fiquei de pé, atônita, olhando a cena por alguns
minutos. Há muito tempo não tinha um registro concreto de que ainda sofria de
sonambulismo.
Essa é outra face dos meus movimentos noturnos, que não tive
espaço pra contar em Aventura
na madrugada. Desde sempre convivo com noites bastante intensas. Além dos
sonhos cinematográficos e pesadelos assombrosos que me fazem acordar aos
gritos, há os passeios. Nunca cheguei a sair de casa, mas já vivi momentos no
mínimo engraçados, ao circular pela casa dormindo profundamente.
Falar, conversar, brigar, bater sempre foram atos normais
durante minhas horas de sono, mas a primeira vez que me viram levantar, já
devia estar com 14 ou 15 anos. Minha irmã costumava ler até de madrugada e eu
dormia ao lado, mesmo com a luz acesa. Numa dessas noites ela me viu sentar e
me virar para o lado dela. Fui tirando a camisola bem devagar e em seguida
embolei-a toda nas mãos e atirei na cara dela. Deitei-me novamente e continuei
a dormir tranquila.
Após essa primeira vez outras vieram. Numa delas usava a
mesma camisola – azul, longa. Minha casa tinha um corredor comprido, o qual
atravessávamos inteiro para chegar ao quarto dos meus pais. Pois passei pelo
corredor, assustei meu pai que assistia à TV na sala (“Só vi aquele camisolão
esvoaçante passar rápido”) e fui chamar minha mãe. “Ô, mãe, cadê o bolo?” “Que
bolo, menina?” “O bolo, mãe, cadê o pedaço de bolo que a senhora me prometeu?”.
Ela entendeu nada, voltei para a cama ainda dormindo e no dia seguinte me
perguntaram o que teria havido. E só depois de muita conversa conseguimos
identificar que tivera um episódio de sonambulismo.
Anos se passaram e nada de muito relevante aconteceu
novamente, a não ser alguns objetos dentro do meu quarto que anoiteciam de um
jeito e amanheciam de outro. Mesmo assim, minha mãe ficou apreensiva quando me
casei, logo depois engravidei e a escada da casa não tinha corrimão. “Essa
menina vai levantar de madrugada e despencar lá de cima”. E, claro, o corrimão
foi instalado na urgência.
O que dá arrepios é que tais fatos foram testemunhados,
porque havia mais gente em casa e proteção certa para essas aventuras, caso se
tornassem mais perigosas, mas nem sempre foi assim, com a família por perto. Durante
o período em que morei sozinha com meu filho, não saberia dizer se ou o que
pode ter ocorrido nas minhas noites. Naquela manhã em que vi minhas bijuterias
espalhadas no lençol tive um frio no estômago, pois era uma prova de que
levantara de madrugada. Mas e quando não deixei rastros? E meu filho dormindo
sozinho no quarto ao lado?
Nunca procurei ajuda para transtorno do
sono. Até porque apesar de noites movimentadas, não cheguei a colocar minha
vida e a de ninguém em risco, nem foram tantos eventos assim. Portanto, nada
assustador ou preocupante. O diferente dessa história foi levar o tal
transtorno à vida adulta. Creio que em um ano de casamento novo nada tenha
ocorrido até agora. Disse creio porque mesmo que aconteça algo, vai ser difícil
acordar o marido.
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3 comentários:
olá Giovana.
Muito engraçado saber que vc é sonambula. Eu também, até certo ponto. Certa vez quando criança conversei (apesar de estar dormindo) com minha irmã durante toda a noite, até minha mãe entrou na conversa. É engraçado, pois nunca lembro de nada. Mas, sonambulismo a parte não tenho mais essa preocupação a bastante tempo. Beijinho pra ti.
Hahahah, histórias de sonambulismo são engraçadas. Tb tenho as minhas.
Mas nada que ultrapasse os limites da minha cama, ainda bem!
Isso se o próprio ainda não te contou se aconteceu né?
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